10 mulheres brasileiras que deveriam ser mais estudadas nas escolas
As trajetórias são muito diferentes entre si, assim como as áreas de atuação: da música à política, das artes plásticas à dedicação religiosa. O que quase todas têm em comum foi a luta por reconhecimento e pelos direitos da mulher.
1. Cora Coralina
Apesar de ser considerada uma das poetisas mais importantes da literatura brasileira, Cora Coralina, pseudônimo de Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, só publicou o primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, aos 76 anos.
Antes disso, criou quatro filhos trabalhando como doceira após a morte do marido e não chegou a terminar o ensino fundamental.
Cora ficou conhecida por escrever sobre a cidade de Goiás e, embora não falasse sobre a questão de gênero na sua obra, é considerada por especialistas como uma escritora pioneira e libertária que enfrentou os preconceitos da sociedade para mostrar a contribuição das mulheres.
2. Irmã Dulce
Maria Rita de Sousa Brito Lopes dedicou a vida a ajudar as pessoas carentes e é uma das ativistas humanitárias mais importantes do século 20.
Ela mostrou aptidão e desejo para essas atividades ainda pequena – aos 13 anos transformou a casa dos pais em Salvador em um centro de atendimento aos necessitados, pobres e doentes.
Conhecida como “o anjo bom da Bahia”, ajudou a fundar diversas instituições filantrópicas, como o Hospital Santo Antônio. Foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz em 1988 e beatificada em 2011.
3. Lina Bo Bardi
Nascida na Itália e naturalizada no Brasil, Lina nasceu Achillina Bo e veio para o Brasil em 1942 para se afastar da instabilidade política da Europa, que a deixava inconformada.
Aqui, abriu caminho para as mulheres na arquitetura e foi responsável pelos projetos do Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand) e do Sesc Pompeia, entre outros prédios emblemáticos.
Estudiosa da cultura brasileira, Lina tinha um forte engajamento político e acreditava que a arquitetura deveria simples e uma ferramenta para melhorar a vida da sociedade e dos mais pobres – e criticava a ostentação.
Apesar da contribuição para a arquitetura, ela não teve tanto reconhecimento em vida e enfrentou muitos preconceitos por ser mulher e estrangeira.
4. Maria Quitéria
Primeira mulher a entrar nas Forças Armadas e a defender o Brasil em combate, Maria Quitéria de Jesus Medeiros é frequentemente comparada a Joana d’Arc. Foi uma das heroínas da Guerra da Independência.
O pai dela não permitiu que se alistasse, mas em 1822 ela fugiu de casa, cortou os cabelos, se vestiu como homem e se juntou ao Regimento de Artilharia.
Foi descoberta pelo pai logo depois, mas teve a permanência na tropa defendida por um major por causa de sua disciplina e destreza com as armas. Depois do serviço militar, foi perdoada pelo pai, se casou e teve uma filha.
5. Clementina de Jesus
Uma das principais sambistas de todos os tempos, Clementina foi empregada doméstica até ser descoberta e reconhecida já com mais de 60 anos.
Famosa pelo repertório de músicas de raízes afro-brasileiras tradicionais, ela foi importante por registrar e divulgar cantos ancestrais dos escravos na história da música.
Sua biografia, intitulada Quelé – A Voz da Cor, foi lançada no ano passado.
6. Nise da Silveira
Psiquatra brasileira e aluna de Carl Jung, Nise ficou conhecida pela contribuição pela luta antimanicomial e por ter implementado a terapia ocupacional e as artes no tratamento das doenças psiquiátricas no processo terapêutico.
Ela se formou em 1926 – era a única mulher em uma turma com 157 alunos. Chegou a ser presa durante o Estado Novo, acusada de envolvimento com o comunismo, e dividiu a cela com Olga Benário, militante do movimento no Brasil.
Nise criticou, discutiu e revolucionou o tratamento psiquiátrico e as condições dos manicômios no Brasil.
7. Zilda Arns
Zilda foi uma médica pediatra e sanitarista brasileira, responsável pela fundação da Pastoral da Criança.
Ela dedicou a vida à saúde pública com enfoque no combate à mortalidade infantil, desnutrição e violência contra as crianças e desenvolveu uma metodologia própria para realizar os tratamentos preventivos.
Irmã de Dom Paulo Evaristo Arns, Zilda morreu no Haiti. Ela trabalhava em uma missão da Pastoral quando o país foi atingido por um terremoto, em 2010.
8. Anita Garibaldi
Uma das mulheres mais reconhecidas da história do Brasil, Anita Garibaldi é chamada de “Heroína dos Dois Mundos” pela participação em diversas batalhas tanto no Brasil como na Itália ao lado do marido, Giuseppe Garibaldi.
Anita foi muito influenciada pelos ideiais do marido. Eles foram parceiros de vida e de combate: ela aprendeu a usar armas e espadas e foi combatente na Revolução Farroupilha e Revolta dos Curitibanos, entre outras.
9. Tarsila do Amaral
Um dos principais nomes do modernismo brasileiro, Tarsila criou algumas das obras emblemáticas do movimento, como o Abaporu.
Mesmo com formação sólida em Artes Plásticas, nas escolas de Julian e de Émile Renard em Paris, ela enfrentou dificuldades por ser mulher.
O primeiro marido se separou dela porque não concordava com a sua dedicação à arte, e não exclusivamente às tarefas do lar.
Tarsila dizia querer ser a “pintora do Brasil” e dedicou várias fases de sua obra às cores, paisagens e cultura brasileiras.
10. Chiquinha Gonzaga
A trajetória de Chiquinha Gonzaga é referência tanto para a música brasileira como para a conquista dos direitos da mulher.
Ela começou a carreira ainda na época do Segundo Reinado e, embora tocasse os ritmos populares à época, como valsas e polcas, também se dedicou a conhecer e divulgar os ritmos brasileiros. Foi autora de uma das primeiras marchinhas: Ó Abre Alas.
Casou-se aos 16 anos e aos 18 decidiu abandonar o marido, que não concordava com sua atividade musical. Ficou conhecida pela militância política e foi ativista de grandes causas sociais – especialmente a abolição da escravatura.
Também foi a fundadora da primeira instituição arrecadadora e protetora dos direitos autorais no país.