Quase metade dos pacientes com câncer tem a quimioterapia interrompida

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A última sessão de quimioterapia de Débora Cristina Bezerra França no Hospital Mario Kröeff, na Penha, no Rio de Janeiro, foi na terça-feira. Até a tarde de ontem, ela ficou na cama. Antes, não havia sentido tanto cansaço e dor. A medicação fora trocada após a inicial ter acabado na unidade, informaram para a manicure de 34 anos. A interrupção do tratamento por desabastecimento acontece em 42% dos 19 hospitais que tratam câncer no Rio — na maioria deles, de forma contumaz.

Os números da pesquisa refletem a dor de quem precisa lutar por um tratamento tão agressivo como a quimioterapia. E isso acontece com 46% dos pacientes com câncer que dependem do SUS no Rio.

— Tudo o que eu mais quero é acabar logo com a quimioterapia. É muito agressiva. Dos 12 ciclos, fiz cinco. Desde que caí no Sisreg (Sistema de Regulação), demorei a encontrar vaga no hospital e fazer exames, como ressonância e tomografia. O tempo, para a gente que está sofrendo, é muito grande. Um dia é como uma eternidade — diz Débora.

Simone Mattos, de 45 anos, começou a quimioterapia em 2 de maio, no Hospital Federal de Bonsucesso:

— Na terceira sessão, não tinha remédio. Isso aconteceu outras duas vezes.

A dona de casa teve o diagnóstico de câncer de mama confirmado, em abril do ano passado, no Hospital Federal de Bonsucesso.

— É angustiante, porque você sabe que depende da quimioterapia para ter uma chance de ficar viva. Em novembro, faltavam duas sessões para terminar a quimioterapia e eu ser operada. Então, a médica decidiu que eu faria as duas sessões no mesmo mês, para não correr o risco de faltar. Não podia mais adiar a cirurgia, que foi feita em 18 de janeiro — conta Simone.

A falta de medicação e de estrutura nas salas de quimioterapia ambulatorial também atrasa o início do tratamento. Paciente do Mario Kröeff, Suely Martins Paes, de 57 anos, só fez a primeira sessão cinco meses depois da cirurgia na mama.

Segundo a oncologista Sabrina Chagas, o benefício da quimioterapia curativa ocorre até oito a 12 semanas após a cirurgia para a maioria dos cânceres:

— Depois, perde-se a qualidade do tratamento. Não sabemos seu real benefício.

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