Central de Comercialização da Agricultura Familiar muda rotina do natalense
Um mês depois da inauguração, a Central de Comercialização da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Cecafes) superou todas as expectativas de vendas. Foram comercializados R$ 350 mil em 80 toneladas de alimentos como frutas, feijão, leguminosas, peixes e ostras e 97.514 unidades de itens como alface, bolos, biscoitos, coco, artesanato, doces e castanhas.
A educadora física Marília Albuquerque é cliente cativa da Central desde que inaugurou, no final do mês passado. Deixou o hábito de comprar frutas e verduras no supermercado para ir ao local no mínimo uma vez por semana. “Aqui o preço é o mesmo e a qualidade é bem melhor. Torço que a Central tenha vindo para ficar”, frisa.
O servidor público e artesão Paulino de Souza também é frequentador assíduo. Desde o dia 27 de março, quando a Central abriu oficialmente, que ele costuma ir até duas vezes ao dia tomar água de coco e comprar frutas, verduras e feijão verde. Já provou de tudo, inclusive do almoço oferecido pelo restaurante Sabor da Roça.
“Torci muito para este espaço finalmente abrir. Acompanhei a luta dos agricultores familiares para que o prédio começasse a funcionar. É um espaço muito bom, com preços acessíveis e ótima qualidade dos produtos, sem agrotóxico. Espero que cresça ainda mais”, disse.
A aposentada Sirleide Feitosa mora a um quarteirão da Central e aproveita a curta distância para fazer as compras de frutas e verduras no lugar. Outro item que sempre encontra mais barato que nos supermercados é a polpa de fruta. “Achei maravilhoso isso aqui. É perto de casa e ainda tem tudo fresquinho”, conta.
Para o secretário estadual de Agricultura, Guilherme Saldanha, a Central mudou a rotina dos natalenses e trouxe benefícios importantes para os agricultores familiares potiguares. “Eles agora podem vender sem atravessadores e nós temos acesso a produtos de alta qualidade a um preço justo”, diz.
Vendas aquecidas
A empresária Isabela Lima tem a Horta Bom Jesus, em São José de Mipibu, há três anos, e desde então sonhava com um espaço onde pudesse comercializar diretamente ao consumidor. Em sua barraca na Central de Comercialização, vende diariamente todo tipo de folhagem, além de berinjela, pepino, abóbora, entre outros.
Isabela entrega os produtos diariamente a 25 clientes fixos, mas o faturamento que teve na Central nos últimos 15 dias já superou o que ganha vendendo para essas empresas. “Estamos pensando em ampliar mais nosso espaço aqui porque muitas vezes não conseguimos atender a demanda dos visitantes”, comemora.
Janiele de Melo, agricultora de Maxaranguape, vende banana, feijão verde, batata doce, macaxeira, goiaba, abacate e coco verde geladinho, a R$ 1,50. Há mais de 10 anos na agricultura familiar, comemora os resultados das vendas no último mês. Os clientes que antes iam até o roçado no município vizinho comprar seus produtos, hoje vêm à Central e têm feito o boca a boca. “As vendas estão muito boas”, registra.
Nos dois boxes que compõem a Rede Xique Xique, de Mossoró, os produtos oriundos do artesanato têm saído bem. Além de mel, queijo, arroz da terra, biscoitos e óleo de coco, eles vendem tiaras, bolsas, chaveiros, souvenires, entre outros. A artesã peruana Elizabeth Gil Castro, há um mês morando em Natal, diz que se vende até R$ 60 por dia. “Não podemos nos queixar, o movimento está bom”, acrescenta.
O coordenador administrativo da Cecafes, Ruberlânio Franco, reforça que as vendas neste primeiro mês foram acima do esperado. Um estudo elaborado pelo Governo Cidadão/Banco Mundial estimava uma comercialização média de R$ 313 mil por mês na Central. “Atingimos todas as metas previstas e estamos investindo para atrair cada vez mais consumidores”, conta. O restaurante Sabor da Roça, a tapiocaria e o comércio de massas também vão muito bem.
Entre os atrativos, estão a degustação de produtos e a presença de um trio de sanfoneiro, o Forró Meirão, aos sábados, das 10h às 12h, para distrair os visitantes. O horário de funcionamento também mudou, depois de se observar o comportamento dos consumidores neste primeiro mês. De segunda a sexta, as barracas funcionam das 6h às 14h, enquanto os boxes esticam até 15h. No sábado, todos abrem das 6h às 14h.
Saiba mais
Fruto de uma parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a Central recebeu investimentos de R$ 1.570.000,00 para equipamentos e móveis, sendo R$ 1.413.000,00 provenientes do MDA e R$ 157 mil referentes à contrapartida do Governo do Estado, por meio da Emater/RN. Esses recursos foram destinados à aquisição de mobiliário, veículos (dois caminhões e um carro de passeio), equipamentos de informática, audiovisual, dentre outros, cujas licitações foram realizadas também pela Emater. Para as obras de recuperação da estrutura foram investidos R$ 705 mil, em parceria com o Governo Cidadão/Banco Mundial. A Central está sendo administrada pela Cooperativa Central da Agricultura Familiar do Rio Grande do Norte (Cooafarn), também selecionada pelo Edital de Chamada Pública, juntamente com o Comitê Gestor que é composto por representantes da Sape, Emater e pelo conjunto dos permissionários. Conta ainda com apoio financeiro e logístico da Emater e Sape, que custeiam as despesas básicas com energia e água, garantindo assim o funcionamento do espaço.