Joanna Maranhão celebra operação da PF na CBDA: “Até vontade de chorar”

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Ao sair da piscina, Joanna Maranhão tomou um susto ao ver a quantidade de mensagens no celular. Tantas tentativas de contato com a nadadora, uma das vozes mais ativas dos esportes aquáticos contra a gestão da Confederação Brasileira (CBDA), eram para informar ou buscar novidades sobre a operação “Águas Claras”. Na manhã desta quinta-feira, a Polícia Federal prendeu dirigentes da entidade, dentre eles o presidente Coaracy Nunes, além de cumprir 16 mandados de busca e apreensão. Ao tomar ciência do fato, Joanna comemorou.

Não que finalista olímpica de Atenas 2004 esteja feliz com um episódio tão triste para o esporte. Mas há anos Joanna se sentia sozinha ao relatar as ações dos mandatários sem ter apoio de mais atletas. Ao acompanhar a evolução das investigações e as prisões de alguns dos principais dirigentes da entidade, a pernambucana teve mais uma vez a certeza de que valeu a pena se expor

– Estou até com vontade de chorar. (…) Eu paguei preço caríssimo por falar isso. Sempre me senti extremamente sozinha. No ambiente da seleção era muito difícil me sentir bem, porque os outros fechavam os olhos para isso. Se algum atleta disser que não sabia, se algum técnico ou dirigente disser isso, está mentindo. Todo mundo sabia e não fazia absolutamente nada. Agora estamos falando da Polícia Federal! O que a comunidade aquática vai fazer agora? Se tem momento para mudança é esse – disse Joanna, que comemorou nas redes sociais com direito a “brinde” na jacuzzi após o treino.

Sobre a conivência generalizada citada por Joanna, ela própria faz mea-culpa, lembrando do auge da carreira, quando voltou de Atenas 2004 com um quinto lugar nos 400m medley, até hoje o melhor resultado de uma mulher brasileira na natação em Olimpíadas. À época tratada como a menina dos olhos da CBDA, ela não percebeu o que hoje considera injustiças na distribuição de verbas.

– Se essa gestão se perpetuou por 30 anos foi porque as pessoas deixaram, porque se calaram. Eu tenho culpa também. Quando tinha 17 anos e era a bola da vez era tratada como uma princesa, recebia muito dinheiro e não atentei que isso vinha somente para mim. Depois acordei, vi que estava errado e comecei a gritar por critérios, não só para mim, mas para todos. Eu repito sempre o mesmo discurso. É preciso mudar, admitir que errou e foi conivente, que poderia ter se posicionado e não fez. Eu estou no meu último ciclo, minha última temporada, mas precisamos fazer isso por quem está vindo – disse a atleta.

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