Olimpíadas: Alison dos Santos, de apenas 21 anos, conquista bronze nos 400m com barreiras
A dancinha começou já na pista de aquecimento, quando ele deslizou o dedo pela tela do celular e mandou a primeira da sua sequência de músicas da playlist “Olympic Games”, escolhida com todo amor e carinho antes da viagem para as Olimpíadas de Tóquio.
Prosseguiu na antessala dos atletas, onde eles ficam nos minutos antes da prova. Na hora da apresentação, Alison Brendom dos Santos, o Piu, de 21 anos, entrou com confiança, apontou para os céus e pediu proteção.
A combinação de descontração e foco surtiu efeito. Piu disputou a decisão dos 400m com barreiras no Estádio Olímpico de Tóquio sob forte sol e uma temperatura de 31ºC (sensação de 38ºC) com autoridade. E o resultado foi histórico. Com a marca de 46s72, novo recorde sul-americano, ele levou a medalha de bronze. O ouro ficou om o norueguês Karsten Warholm, com novo recorde mundial (45s94). A prata acabou com o norte-americano Rai Benjamin (46s17).
Foi a primeira medalha brasileira no atletismo nas Olimpíadas de Tóquio e a 18ª da modalidade em todos os tempos – a primeira veio há 69 anos, com o ouro do lendário Adhemar Ferreira da Silva no salto triplo em Helsinque 1952.
Antes da decisão pelas medalhas, Alison já havia quebrado seis vezes o recorde continental da prova em um espaço de pouco mais de três meses. A sequência incrível o deixou mais próximos dos dois expoentes da prova: o norueguês Karsten Warholm, bicampeão mundial e atual recordista mundial (46s70), e o norte-americano Rai Benjamin, dono da terceira melhor marca de todos os tempos (46s83).
Nascido em São Joaquim da Barra, interior de São Paulo, o corredor chama a atenção à primeira vista por carregar consigo uma grande cicatriz na cabeça e outras um pouco menores no peito e no braço esquerdo. As marcas são o resultado de um acidente doméstico com uma panela de óleo quente aos 10 meses de idade.