Delator jogou computador no mar com provas
O delator da Odebrecht Hilberto Mascarenhas, que comandou o departamento de propina da companhia, revelou que a empresa descontava dos bônus anuais pagos a executivos o valor de repasses irregulares feitos pela companhia. Segundo ele, parte do bônus era paga oficialmente e a outra parte, via Setor de Operações Estruturadas. Hilberto Mascarenhas disse que a decisão de pagar os bônus aos executivos por meio do setor de propinas foi do então presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, para ‘complementar’, ‘por fora’, as gratificações dos funcionários pelos resultados obtidos.
Ainda segundo Mascarenhas, todos os executivos sabiam que parte dos bônus vinha do departamento de propina, porque os pagamentos eram feitos em contas no exterior ou em reais no Brasil, em dinheiro vivo.
O ex-diretor do departamento de propinas da Odebrecht relatou como recebia o pagamento ‘por fora’ do bônus. Nos depoimentos aos procuradores da Lava-jato, ele adotou um tom de deboche para falar sobre os crimes. Mascarenhas contou que chegou a jogar um computador no mar, em Miami, para tentar destruir provas do esquema de corrupção.
Monitorado por tornozeleira eletrônica, durante os depoimentos à força-tarefa da Lava-jato, ele adiantou o que não pretende voltar a trabalhar quando for totalmente liberado: ‘quero curtir a minha vida quando vocês tirarem esse negócio do meu pé, e eu puder viajar e curtir os 40 anos que trabalhei’, disse aos interrogadores.