Monitorar as mutações do vírus da gripe envolve esforço internacional

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A ocorrência de mutações no vírus influenza, causador da gripe, é uma possibilidade permanente. Por essa razão, é imprevisível quando ocorrerá uma nova pandemia da doença. A última ocorreu há exatos 10 anos, quando o H1N1, um subtipo do vírus influenza A, se disseminou em escala mundial, provocando o que ficou conhecido na época como a crise da “gripe suína”. Diante do risco de novas pandemias, o monitoramento é fundamental para identificar com eficácia e rapidez as variações virais que circulam nos países, sobretudo no inverno, quando a transmissão se intensifica.

Conforme explica a virologista Marilda Siqueira, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por meio do sequenciamento genético é feito o acompanhamento da evolução do vírus. O compartilhamento desses dados científicos permite a adoção de respostas rápidas para combater a circulação do vírus, como captar os primeiros casos precocemente e disponibilizar um atendimento eficiente. Foi esse acompanhamento que possibilitou também o rápido desenvolvimento da vacina no caso do H1N1, ajudando as populações mundiais a criarem resistência ao vírus que se alastrou a partir de junho de 2009. O imunizante ficou disponível em setembro, três meses após o início das transmissões.

Uma nova pandemia não deve ocorrer com o H1N1. Atualmente, no Brasil, apesar de ainda ocorrerem óbitos, eles estão dentro de um padrão esperado. No país, é alta a probabilidade de se ter contato no inverno com dois subtipos do vírus influenza A contra os quais as populações estão mais resistentes. Um deles é exatamente o H1N1 e o outro é o H3N2. A questão é que o vírus influenza tem um genoma segmentado, característica que, segundo Marilda, facilita as mutações.

“Se você troca um ou mais segmentos gênicos inteiros, vira outra coisa. E podemos ter novo vírus para o qual não temos anticorpo e nem vacinas eficazes. Em alguns lugares da Ásia, as pessoas estão atualmente contraindo de animais o H7N9, e a taxa de letalidade está em torno de 70%. Não foi observado contágio de homem para homem, então não há transmissão sustentada. Mas é uma preocupação enorme e o mundo inteiro está de olho para entender o que está acontecendo com esse vírus”, diz a virologista.

A partir do momento em que um vírus mutante se mostra transmissível de homem para homem, pode haver rápida disseminação entre uma população sem imunidade. Ao atingir grande número de indivíduos, torna-se uma epidemia enquanto estiver restrita a uma certa localidade. A pandemia se configura quando a epidemia se espalha por uma grande região geográfica, como um continente ou até mesmo o planeta.

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