Inquérito: e-mails usados pelo Inter em “caso Victor Ramos” foram adulterados

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A novela envolvendo o Internacional e o zagueiro Victor Ramos parecia ter acabado. Ledo engano. A situação pode trazer consequências graves para a equipe gaúcha, incluindo a possibilidade de exclusão da Série B. Cambaleante na Série A de 2016, o Colorado tentou reverter o rebaixamento com a possível escalação irregular do zagueiro Victor Ramos, à época no Vitória, naquele que ficou conhecido como “caso Victor Ramos”. As denúncias feitas pelo Inter mostravam o nome de Reynaldo Buzzoni, diretor de registros e transferências da CBF. Em seguida, Buzzoni questionou a validade do documento. Após inquérito realizado no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), duas perícias foram realizadas e uma delas comprovou que os e-mails enviados pelo clube foram adulterados por Francisco Godoy, representante do jogador.

A investigação foi conduzida pelo auditor Mauro Marcelo, delegado de polícia em São Paulo e ex-diretor da Abin (Associação Brasileira de Inteligência). As perícias nos e-mails apresentados pelo Inter e pela CBF foram feitas em locais diferentes; uma em São Paulo e outra no Rio de Janeiro. O conteúdo das mensagens foi confrontado, e a conclusão de uma das perícias aponta que os e-mails enviados pelo Colorado sofreram modificações que descaracterizam o conteúdo da mensagem original.

Em uma das frases no e-mail enviado pela CBF, consta a seguinte mensagem: “O Palmeiras e o clube mexicano devem dar uma conclusão ao TMS sobre o empréstimo do atleta para o Palmeiras”. Já no e-mail do Inter, a frase aparece com conteúdo diferente: “Precisa-se analisar se o empréstimo estiver concluído, o ITC permanece no Brasil e o jogador não terá mais vínculo com o mexicano”.

Outra mensagem também apresenta diferenças em comparação com a que foi enviada pela CBF, inclusive em relação ao remetente. No e-mail da confederação, consta o nome de Bernardo Zalan, funcionário da entidade. Na versão adulterada, o responsável pela mensagem é Reynaldo Buzzoni.

O clube gaúcho também realizou perícia para rastrear as mensagens adulteradas. Descobriu-se que elas passaram nas mãos de advogados e empresários muito antes de chegarem ao Beira-Rio. No entanto, o primeiro a fazer as modificações foi o representante do zagueiro. Godoy repassou as mensagens ao Monterrey (México), clube ao qual o jogador pertencia e que encaminhou o e-mail ao empresário Décio Berman. Questionado, Gustavo Juchem, vice-presidente jurídico do Internacional, disse que o Colorado não checou a veracidade do e-mail e que acreditava que não havia motivos para suspeita.

– Não, nós não tínhamos em absoluto porque suspeitar que haveria alguma inconsistência, alguma alteração. Inclusive o conteúdo do arquivo que recebemos e apresentamos é um conteúdo perfeitamente factível, o que tá dito ali está de acordo com a justiça desportiva. Então, não havia nenhum motivo pra suspeita de qualquer ordem.

Décio Berman, primeiro a receber a mensagem do Monterrey, é agente Fifa e está há quinze anos trabalhando no futebol. O empresário afirmou que não sabia que os e-mails eram adulterados e disse que seu único objetivo era “dar o melhor atendimento” a seu cliente; no caso, o Monterrey.

– Em hipótese alguma. Meu objetivo principal era dar o melhor atendimento ao meu cliente… eles me solicitaram esse tipo de auxilio e eu acabei encaminhando os emails para quem era devido – afirmou.’

Antes de chegar ao Internacional, o e-mail ainda passou pelos advogados André Ribeiro e Breno Tannuri. Ambos são sócios de uma empresa de advocacia. Em entrevista, Tannuri afirma que só encaminhou o e-mail porque teve autorização para isso, mas disse que também não sabia que eles haviam sido adulterados.

– Houve uma solicitação do nosso cliente que, a gente só podia autorizar, só podíamos encaminhar esse e-mail pro Inter se houvesse essa autorização, essa autorização ocorreu e nós encaminhamos o e-mail. Ciência de que eles foram adulterados eu nunca tive – disse.

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