Em cinco anos, Natal registra mais de dois mil casos de violência contra mulheres
A notificação de casos de violência contra a mulher é uma das preocupações do Ministério da Saúde (MS) para o enfrentamento do problema. Pensando nisso, em 2006 foi criado em todo o Brasil, o Sistema de Vigilância de Violência e Acidentes (VIVA).
Por meio dele, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) é informada sobre episódios de violência doméstica, sexual e outros tipos de ocorrências dessa natureza, sendo a violência sexual e tentativa de suicídio agravos de notificação imediata (dentro de 24 horas).
Com o caráter endêmico que acabou se tornando um dos problemas mais graves de saúde pública, os dados sobre a violência contra a mulher servem para que as redes de enfrentamento a esse tipo de problema sejam fortalecidas com ações integradas e articuladas entre instituições e serviços governamentais e não governamentais, além da própria comunidade.
Em Natal, nos últimos cinco anos foram notificados pelo VIVA 2.004 casos de violência interpessoal/autoprovocada contra mulheres, uma média de 400 por ano. A maioria dos casos, 65%, aconteceu contra mulheres de 20 a 49 anos, principalmente nos bairros de Felipe Camarão, Neópolis e Planalto, sendo boa parte das vítimas sem o ensino fundamental completo. Desses 2.004, 81% foi registrado como violência física, seguida pela psicológica e sexual.
Esses dados, porém, servem como uma espécie de ‘termômetro’, já que as notificações são recebidas apenas dos casos das vítimas que procuram assistências médica. “Estamos fazendo um trabalho, desde 2015, para que as notificações venham também de outras instituições, como as delegacias por exemplo. Muitas vezes as mulheres procuram as delegacias relatando casos de violência e não procuram assistência médica”, explicou Aline Bezerra, chefe do Setor de Vigilância Epidemiológica (SVE) da SMS.
Com informações mais concretas, a ideia é conseguir produzir ações que consigam atender cada vez mais mulheres. “Tento os dados mais precisos, com as notificações não apenas das unidades de saúde, temos conduções de direcionar a nossa linha de cuidado para uma situação mais específica”, concluiu Aline.